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Respeite meu cabelo!
Vivemos em um País de grande miscigenação étnica. A variedade de biotipos advinda desta mistura de raças é maravilhosa e realmente nos faz acreditar que o Brasil é um país abençoado por Deus.
Entretanto, como diretor médico do Instituto do Cabelo, em São Paulo, venho observando um estarrecedor aumento de lesões graves nos cabelos e couro cabeludo em crianças e adolescentes entre 4 a 15 anos de idade causadas por procedimentos químicos, como alisamentos capilares, tingimento dos fios e procedimentos de ‘ baby liss ‘.
Os pais destas crianças procuram justificar tal situação como uma forma de evitar, ou pelo menos, minimizar o sofrimento causado pelas agressões pessoais, pelo bullying e a total falta de respeito, aos quais, essas crianças são expostas frequentemente. Relatam também, que eles mesmos sofreram e ainda sofrem tais agressões.
Posso citar casos extremos, que não são raros, como o da adolescente Karina Saifer de Oliveira, da cidade de Nova Andradina que suicidou-se após não suportar o sofrimento causado pelo açoite moral desferido por pessoas inescrupulosas e intolerantes atacando a aparência de seu cabelo crespo. É tristemente surreal que isto aconteça! Há poucos dias observamos em cadeia nacional, um comentário desrespeitoso dirigido a um participante de Reality Show, assim como uma conduta, no mínimo anti- ética e deselegante, de funcionários da CNN que se dirigiram à competente jornalista Basília Rodrigues de forma ofensiva.
Paradoxalmente, vale mencionar que pessoas de cabelos muito lisos, como caucasianos, asiáticos e indígenas também são vítimas de intolerância, pelas suas características capilares.
Sendo assim, cabe à mídia, educadores, médicos, formadores de opinião e à sociedade em geral propagar que a verdadeira beleza está nas diferenças e que a maior das virtudes está no respeito, aceitação e admiração dessas diferenças.
Por Dr. Luciano Barsanti
- CRM 38720 / SP - RQE 55958
Especialista em Dermatologia e Médico na Brazil Health