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Ansiedade e depressão: como transtornos mentais podem afetar diretamente a saúde do coração
Os impactos da ansiedade e da depressão vão além do emocional e podem comprometer gravemente a saúde do coração. Segundo o Relatório Mundial de Saúde Mental da OMS, esses transtornos são os mais comuns no mundo, afetando milhões de pessoas. No Brasil, a ansiedade atinge 9,3% da população, enquanto 5,8% convivem com depressão. Além de afetar o bem-estar mental, esses distúrbios podem causar alterações biológicas que aumentam o risco de doenças cardiovasculares.
A relação entre mente e coração
Patrícia Oliveira, médica do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, destaca que o estado mental afeta diretamente o funcionamento cardiovascular. “Ansiedade e depressão podem desencadear alterações no sistema nervoso central, provocando liberação de citocinas inflamatórias e ativação exagerada do sistema nervoso simpático. Isso pode levar a vasoconstrição, aumento da pressão arterial e frequência cardíaca, condições que favorecem o surgimento de doenças cardíacas”, explica.
Um exemplo clássico dessa conexão é a “síndrome do coração partido”, uma condição induzida por estresse extremo que se assemelha a um infarto agudo do miocárdio, mas sem a presença de obstruções nas artérias coronárias. Nesse caso, o estresse emocional leva à liberação de substâncias que restringem o fluxo sanguíneo, causando sintomas similares aos de um ataque cardíaco.
Estratégias multidisciplinares para cuidar do coração e da mente
Para minimizar os impactos negativos da saúde mental no coração, a abordagem multidisciplinar é essencial. “Pacientes com histórico de eventos cardíacos ou fatores de risco precisam de um acompanhamento integrado entre cardiologistas, psicólogos e psiquiatras”, afirma a especialista.
Principais abordagens recomendadas:
• Terapias psicológicas e psiquiátricas: tratam os transtornos mentais e, ao mesmo tempo, reduzem o risco de complicações cardiovasculares.
• Exercícios físicos regulares: atividades como caminhadas, yoga e natação promovem o bem-estar emocional e fortalecem o sistema cardiovascular.
• Medicação adequada: em casos indicados, antidepressivos ou ansiolíticos podem controlar os sintomas emocionais, prevenindo consequências no coração.
Cuidar da saúde emocional é cuidar do coração
Além das abordagens clínicas, é essencial que pacientes cardíacos sejam avaliados precocemente para transtornos mentais. Protocolos clínicos já incluem o rastreio de ansiedade e depressão em pacientes com doenças cardiovasculares, pois o controle dessas condições melhora não apenas a qualidade de vida, mas também a sobrevida.
“É importante entender que o equilíbrio emocional é tão essencial quanto manter o colesterol e a pressão arterial controlados. Ao priorizar a saúde mental, damos um passo fundamental para proteger o coração e garantir mais qualidade de vida”, finaliza Patrícia Oliveira.
Por Redação Brazil Health