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Esporotricose: Surto da Doença Fúngica se Espalha nas Áreas Urbanas do Brasil
A esporotricose, infecção causada por fungos do gênero Sporothrix, deixou de ser rara e passou a representar um problema de saúde pública nas grandes cidades brasileiras. O tema foi discutido no Dermatrop — Simpósio de Dermatologia Tropical e Doenças Negligenciadas da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), realizado em abril, em São Paulo.
Segundo o dermatologista Dr. Dayvison Freitas, a doença se manifesta principalmente na pele, mas pode atingir outros órgãos em casos mais graves. “As lesões começam como pequenas bolinhas, que evoluem para nódulos e podem estourar. Outros nódulos surgem no trajeto dos vasos linfáticos”, explica o médico.
A forma mais comum é a linfocutânea, mas também existem formas fixas e variantes mais raras que acometem olhos, ossos, pulmões e até o sistema nervoso central. “Menos de 10% dos casos apresentam essas formas mais graves, mas, em situações raras, pode haver pneumonia ou meningite”, alerta Dr. Freitas.
Mudança no padrão de transmissão
Até o final dos anos 1990, a infecção ocorria principalmente pelo contato com gravetos ou espinhos contaminados. No entanto, o padrão mudou a partir de surtos no Rio de Janeiro, com gatos se tornando importantes vetores da doença.
Embora sejam apontados como fonte de transmissão, os gatos também são vítimas da negligência humana, sobretudo pelo abandono. O médico chama atenção para a responsabilidade dos tutores e o impacto da falta de cuidados no aumento dos casos.
Desafios no diagnóstico e tratamento
O diagnóstico na rede pública é feito, em geral, por avaliação clínica e epidemiológica. A confirmação laboratorial exige coleta e cultivo de material da lesão, um processo que pode levar semanas.
O tratamento padrão é feito por via oral e pode durar de três a quatro meses — ou mais, dependendo do caso. Para grávidas e pacientes polimedicados, alternativas como criocirurgia e termoterapia (compressas mornas) são opções viáveis.
Ainda não há vacina disponível. O controle da doença em animais infectados é essencial para conter a transmissão.
Avanços recentes
Uma conquista importante foi a inclusão da esporotricose como doença de notificação compulsória em março de 2025. “Isso permitirá conhecer melhor a real dimensão do problema e direcionar investimentos adequados”, destaca Dr. Freitas.
A ciência também busca novas soluções: pesquisas com laser de baixa potência têm mostrado bons resultados na cicatrização e novos medicamentos estão em estudo, embora ainda sejam necessárias mais evidências.
Até lá, a informação, o cuidado com os animais e a vigilância ativa continuam sendo as principais armas contra a esporotricose.
Por Redação Brazil Health