Dermatologia
16 de Janeiro de 2025

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Hanseníase: você sabia que o Brasil lidera 90% dos casos nas Américas?

O Janeiro Roxo reforça a importância da conscientização sobre a hanseníase, uma doença infecciosa e contagiosa que ainda carrega estigmas históricos e sociais. Apesar de ser curável, a hanseníase pode causar lesões graves e danos neurais irreversíveis se não for tratada precocemente. O Brasil é o segundo país com maior prevalência da doença no mundo, atrás apenas da Índia, e responde por 90% dos casos nas Américas. Em 2023, o país registrou 22.773 novos diagnósticos, segundo o Ministério da Saúde.

O que é hanseníase e como é transmitida?

A hanseníase, causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, afeta a pele, mucosas e nervos periféricos. A transmissão ocorre por contato direto e prolongado com uma pessoa infectada que não esteja em tratamento, por meio de gotículas respiratórias, como espirros e tosse.

No entanto, cerca de 90% das pessoas possuem resistência natural ao bacilo, devido a fatores genéticos e à resposta imune. “A doença depende da interação do sistema imunológico do indivíduo com o bacilo. É possível ter contato com a bactéria e não desenvolver a hanseníase”, explica a dermatologista Ana Elisa Mendonça.

Sintomas da hanseníase

A hanseníase se manifesta inicialmente por:

   •       Manchas esbranquiçadas ou avermelhadas com perda de sensibilidade ao toque;

   •       Dormência ou formigamento em mãos e pés;

   •       Placas infiltradas ou nódulos na face e lóbulos das orelhas;

   •       Redução do suor e de pelos nas áreas afetadas;

   •       Lesões indolores causadas por queimaduras ou ferimentos em mãos e pés;

   •       Alterações motoras, como “mão em garra” e “pé caído”.

Tratamento e importância do diagnóstico precoce

O tratamento é realizado com poliquimioterapia única (PQT-U), que combina medicamentos disponibilizados gratuitamente pelo SUS. A duração varia de 6 meses, em casos paucibacilares (menos de cinco lesões), a 12 meses, nos multibacilares (mais de cinco lesões).

“O tratamento é eficaz para curar a doença, prevenir complicações e interromper a transmissão. O diagnóstico precoce é crucial para evitar sequelas e reduzir a disseminação”, afirma Ana Elisa.

Preconceito e conscientização

Apesar dos avanços médicos, a hanseníase ainda enfrenta o peso do preconceito. Estigmas históricos, como o uso do termo “lepra” e o isolamento compulsório de pacientes no passado, contribuem para a discriminação e o atraso na busca por atendimento médico.

“Ainda há quem acredite, erroneamente, que a hanseníase é altamente contagiosa e sem cura, o que gera medo e exclusão social”, alerta a dermatologista.

A campanha Janeiro Roxo busca informar sobre a doença, desmistificar preconceitos e reforçar que a hanseníase é curável. “Conscientizar a população é o primeiro passo para garantir dignidade, saúde e eliminar a hanseníase como problema de saúde pública no Brasil”, conclui Ana Elisa Mendonça.

 

Por Redação Brazil Health

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