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Hanseníase: você sabia que o Brasil lidera 90% dos casos nas Américas?
O Janeiro Roxo reforça a importância da conscientização sobre a hanseníase, uma doença infecciosa e contagiosa que ainda carrega estigmas históricos e sociais. Apesar de ser curável, a hanseníase pode causar lesões graves e danos neurais irreversíveis se não for tratada precocemente. O Brasil é o segundo país com maior prevalência da doença no mundo, atrás apenas da Índia, e responde por 90% dos casos nas Américas. Em 2023, o país registrou 22.773 novos diagnósticos, segundo o Ministério da Saúde.
O que é hanseníase e como é transmitida?
A hanseníase, causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, afeta a pele, mucosas e nervos periféricos. A transmissão ocorre por contato direto e prolongado com uma pessoa infectada que não esteja em tratamento, por meio de gotículas respiratórias, como espirros e tosse.
No entanto, cerca de 90% das pessoas possuem resistência natural ao bacilo, devido a fatores genéticos e à resposta imune. “A doença depende da interação do sistema imunológico do indivíduo com o bacilo. É possível ter contato com a bactéria e não desenvolver a hanseníase”, explica a dermatologista Ana Elisa Mendonça.
Sintomas da hanseníase
A hanseníase se manifesta inicialmente por:
• Manchas esbranquiçadas ou avermelhadas com perda de sensibilidade ao toque;
• Dormência ou formigamento em mãos e pés;
• Placas infiltradas ou nódulos na face e lóbulos das orelhas;
• Redução do suor e de pelos nas áreas afetadas;
• Lesões indolores causadas por queimaduras ou ferimentos em mãos e pés;
• Alterações motoras, como “mão em garra” e “pé caído”.
Tratamento e importância do diagnóstico precoce
O tratamento é realizado com poliquimioterapia única (PQT-U), que combina medicamentos disponibilizados gratuitamente pelo SUS. A duração varia de 6 meses, em casos paucibacilares (menos de cinco lesões), a 12 meses, nos multibacilares (mais de cinco lesões).
“O tratamento é eficaz para curar a doença, prevenir complicações e interromper a transmissão. O diagnóstico precoce é crucial para evitar sequelas e reduzir a disseminação”, afirma Ana Elisa.
Preconceito e conscientização
Apesar dos avanços médicos, a hanseníase ainda enfrenta o peso do preconceito. Estigmas históricos, como o uso do termo “lepra” e o isolamento compulsório de pacientes no passado, contribuem para a discriminação e o atraso na busca por atendimento médico.
“Ainda há quem acredite, erroneamente, que a hanseníase é altamente contagiosa e sem cura, o que gera medo e exclusão social”, alerta a dermatologista.
A campanha Janeiro Roxo busca informar sobre a doença, desmistificar preconceitos e reforçar que a hanseníase é curável. “Conscientizar a população é o primeiro passo para garantir dignidade, saúde e eliminar a hanseníase como problema de saúde pública no Brasil”, conclui Ana Elisa Mendonça.
Por Redação Brazil Health