Endocrinologia e Metabologia
07 de Março de 2025

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Menopausa Precoce: Desafio para a Saúde e Fertilidade das Mulheres

Alterações hormonais podem impactar a qualidade de vida e dificultar a gravidez

A menopausa precoce tem afetado um número crescente de mulheres antes dos 50 anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), essa condição ocorre em uma a cada 100 mulheres antes dos 40 anos e em uma a cada 1.000 antes dos 30 anos. Além de impactar a saúde hormonal, o quadro pode trazer desafios para quem deseja engravidar mais tarde – uma tendência que cresce a cada ano. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a idade média para a maternidade era de 27,7 anos em 2020 e pode chegar a 31,3 anos até 2070.


A endocrinologista Alessandra Rascovski explica que muitas mulheres só se preocupam com a menopausa quando os sintomas aparecem. “A queda da produção de óvulos pode surpreender aquelas que planejam engravidar mais tarde e não monitoram a saúde hormonal”, alerta a especialista.


O que diferencia a menopausa precoce?


A menopausa é caracterizada pela redução da função ovariana e pela queda dos níveis de estrogênio. O que diferencia a menopausa precoce da comum é apenas a idade em que ocorre. A condição pode ser influenciada por fatores como doenças autoimunes, tratamentos oncológicos, cirurgias, estilo de vida e até exposição a substâncias químicas presentes em plásticos, agrotóxicos e conservantes.


O histórico familiar também desempenha um papel importante. “Se a mãe teve menopausa precoce ou tardia, há maior probabilidade de a filha seguir o mesmo padrão”, explica Alessandra.


A especialista ainda esclarece a diferença entre menopausa precoce e menopausa prematura. “A menopausa precoce ocorre antes dos 45 anos, enquanto a prematura acontece antes dos 40 anos. Já acompanhei pacientes entrando na menopausa prematura aos 28 anos”, relata.


Monitoramento hormonal e fertilidade


A reserva ovariana pode ser monitorada pelo exame do hormônio antimulleriano (AMH), que estima a quantidade de folículos ovarianos. Entretanto, a médica alerta que esse exame não deve ser analisado isoladamente. “O AMH não avalia a qualidade dos óvulos nem prediz a fertilidade futura com precisão”, ressalta.


Outro hormônio avaliado é o FSH (hormônio folículo-estimulante), que pode apresentar níveis elevados durante a fase folicular, mas não é suficiente para um diagnóstico definitivo. Além disso, o uso de métodos contraceptivos hormonais, como o DIU, pode suprimir o sangramento menstrual e dificultar a identificação da menopausa apenas pela ausência da menstruação.


Diante da detecção precoce da queda da função ovariana, especialistas recomendam o congelamento de óvulos para mulheres que desejam preservar a fertilidade. No entanto, Alessandra reforça que essa decisão deve levar em conta outros fatores, como idade e contexto clínico da paciente. “Um AMH baixo não significa infertilidade imediata, assim como um AMH alto não garante fertilidade futura”, explica.


A importância do acompanhamento médico


Os sintomas da menopausa precoce incluem ondas de calor, suores noturnos, secura vaginal, diminuição da libido, dores articulares, cansaço, ansiedade e falhas na memória. Em muitos casos, a reposição hormonal é indicada para minimizar os impactos da queda do estrogênio, prevenindo doenças cardiovasculares e osteoporose.


“A avaliação clínica deve considerar exames hormonais, histórico familiar e sintomas da paciente para um diagnóstico preciso e um tratamento adequado”, conclui Alessandra Rascovski.

Por Redação Brazil Health

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