Endocrinologia e Metabologia
20 de Janeiro de 2025

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Revolução no diagnóstico da obesidade: nova abordagem foca em tratamento personalizado

Um relatório publicado pelo The Lancet Diabetes & Endocrinology, endossado por 75 organizações médicas globais, propõe um novo modelo para o diagnóstico de obesidade. A iniciativa visa superar as limitações do Índice de Massa Corporal (IMC) e oferecer uma definição mais precisa e inclusiva, diferenciando obesidade clínica de obesidade pré-clínica.

Novos Critérios e Diagnóstico Refinado

   •       Obesidade clínica: definida pela presença de sinais objetivos de redução da função dos órgãos causada pelo excesso de gordura corporal. Inclui 18 critérios diagnósticos para adultos, como falta de ar, insuficiência cardíaca e dor articular.

   •       Obesidade pré-clínica: refere-se ao excesso de gordura corporal sem impacto atual na saúde, mas com risco aumentado de desenvolver doenças como diabetes tipo 2 e cardiovasculares.

Segundo o Dr. Ricardo Cohen, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, essa nova classificação proporciona um diagnóstico mais individualizado e direcionado, reconhecendo que nem todos com excesso de gordura corporal apresentam doença instalada. “Isso promove um cuidado mais humanizado, reduzindo o estigma associado à obesidade”, destaca.

Além do IMC

A Comissão sugere que o diagnóstico vá além do IMC, utilizando:

   •       Medições adicionais, como circunferência da cintura e relação cintura-quadril.

   •       Avaliações diretas de gordura corporal, como densitometria óssea (DEXA).

Essa abordagem captura nuances como a distribuição de gordura, que pode variar entre indivíduos e impactar riscos à saúde de maneira diferente.

Impacto na Saúde Pública

A nova definição pode orientar sistemas de saúde globais a alocar melhor os recursos e priorizar intervenções adequadas. Pessoas com obesidade clínica devem receber tratamento para restaurar funções corporais, enquanto aquelas com obesidade pré-clínica devem focar na prevenção de doenças futuras.

Redução do Estigma

A reformulação também busca combater o estigma associado ao peso. “O reconhecimento de obesidade como uma condição médica complexa, e não apenas como um problema de estilo de vida, pode mudar narrativas prejudiciais e melhorar o acesso ao tratamento”, afirma Joe Nadglowski, da Obesity Action Coalition.

Perspectivas

Com mais de 1 bilhão de pessoas vivendo com obesidade globalmente, a proposta oferece uma nova oportunidade para abordar essa questão de forma mais empática, científica e eficaz. Ao integrar cuidados baseados em evidências e personalização, a nova abordagem promete avanços significativos na gestão e prevenção da obesidade em nível mundial.

 

Por Redação Brazil Health

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