Ginecologia e Obstetrícia
03 de Março de 2025

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Endometriose Pode Elevar o Risco de Infarto e AVC, Aponta Estudo

Diagnóstico tardio compromete qualidade de vida e pode levar a complicações graves

A endometriose é uma doença ginecológica crônica que afeta cerca de 190 milhões de mulheres no mundo, sendo mais de 7 milhões apenas no Brasil, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Apesar de sua alta prevalência, o diagnóstico ainda é feito tardiamente na maioria dos casos, o que pode agravar seus impactos na saúde feminina.

De acordo com um estudo realizado no Hospital Rigshospitalet da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, mulheres com endometriose possuem 35% mais risco de sofrer um infarto e 20% mais chances de desenvolver um AVC. Os dados foram apresentados no Congresso Europeu de Cardiologia (ESC 2024) e reforçam a necessidade do diagnóstico precoce para evitar complicações além das dores intensas e problemas reprodutivos associados à doença.

“O diagnóstico tardio permite que a endometriose evolua para formas mais graves, afetando não apenas o útero, mas também outros órgãos, como bexiga, intestino e até pulmões e diafragma”, explica o Dr. Walter Pace, professor doutor em ginecologia e membro da Academia Mineira de Medicina.

Sintomas e sinais de alerta

Os sintomas da endometriose variam de mulher para mulher, mas os mais comuns incluem:

• Dores intensas durante a menstruação (cólica menstrual severa);
• Dor durante a relação sexual;
• Alterações intestinais e urinárias;
• Cansaço e fadiga constante;
• Inchaço abdominal frequente;
• Dificuldade para engravidar – a endometriose é uma das principais causas de infertilidade.

O problema é que, muitas vezes, as mulheres acreditam que sentir cólicas fortes é “normal” e acabam demorando para buscar ajuda. “A normatização da dor menstrual contribui para a demora no diagnóstico. Muitas mulheres procuram diversos médicos antes de receberem um diagnóstico correto”, destaca o Dr. Pace.

Diagnóstico precoce evita complicações

A detecção da endometriose envolve uma combinação de exames clínicos e de imagem, como ultrassonografia transvaginal e ressonância magnética. Em alguns casos, pode ser necessária a laparoscopia, um procedimento cirúrgico minimamente invasivo que permite visualizar e remover os focos da doença.

Quanto mais cedo a endometriose for identificada, maiores as chances de controle da doença e melhor qualidade de vida para a paciente. Além disso, o diagnóstico precoce evita que o quadro evolua para complicações mais graves, como comprometimento de órgãos e aumento do risco cardiovascular.

Tratamento e novas abordagens

Não há uma cura definitiva para a endometriose, mas há diversas formas de controle da doença. O tratamento pode incluir:

• Medicamentos hormonais para reduzir a atividade da doença;
• Analgésicos e anti-inflamatórios para alívio da dor;
• Cirurgia laparoscópica, indicada nos casos mais graves para remoção das lesões;
• Mudanças no estilo de vida, como alimentação equilibrada e prática de atividades físicas.

Nos últimos anos, avanços médicos como a videolaparoscopia 3D e o uso de robôs cirúrgicos têm proporcionado melhores resultados na remoção da doença. Além disso, novas terapias hormonais, como os implantes de nestorone e gestrinona, estão sendo estudadas para controle mais eficaz da endometriose.

“O acompanhamento individualizado é fundamental para encontrar a melhor estratégia de tratamento para cada mulher. Com as abordagens corretas, é possível controlar os sintomas e proporcionar bem-estar às pacientes”, conclui o Dr. Pace.

O mês de março é dedicado à conscientização sobre a endometriose. A campanha busca alertar mulheres sobre os sintomas, incentivar a procura por diagnóstico precoce e promover o acesso a tratamentos que possam melhorar a qualidade de vida das pacientes.

Por Redação Brazil Health

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