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Grávida Duas Vezes? O Caso de Superfetação Que Surpreendeu a Medicina
A recente reportagem sobre Evelyn Silva, que descobriu estar grávida de um segundo bebê enquanto já estava grávida do primeiro, trouxe à tona um fenômeno raro na medicina chamado superfetação. Este evento ocorre quando uma mulher, já grávida, ovula novamente e esse novo óvulo é fertilizado, resultando em dois fetos dentro do útero com idades gestacionais diferentes. No caso da Evelyn, os bebês possuem uma diferença de aproximadamente um mês em seu desenvolvimento.
A superfetação é extremamente incomum em humanos, com poucos casos documentados na literatura médica. Normalmente, após a concepção, o corpo feminino interrompe o ciclo ovulatório para impedir uma nova gravidez simultânea. Contudo, em situações raras, pode ocorrer uma ovulação adicional durante a gestação que está em curso, possibilitando a fertilização de um segundo óvulo.
Do ponto de vista clínico, a identificação da superfetação geralmente se dá por meio de ultrassonografias que revelam fetos com discrepâncias nas idades gestacionais. Deve-se distinguir a superfetação de outras condições, como o crescimento intrauterino restrito de um dos fetos de gestação gemelar, onde um deles apresenta desenvolvimento retardado devido a complicações gestacionais. A diferenciação correta assegura um manejo obstétrico adequado para ambos os fetos.
O manejo obstétrico em casos de superfetação requer atenção especial. Embora os fetos tenham idades gestacionais distintas, o parto ocorrerá simultaneamente e isso pode resultar no nascimento prematuro do feto mais jovem, que poderá necessitar de cuidados neonatais intensivos. Uma abordagem multidisciplinar é essencial para monitorar o desenvolvimento de ambos os fetos e determinar o momento ideal para o parto.
A história da Evelyn destaca a complexidade e as surpresas que podem ocorrer durante a gestação. Embora a superfetação seja rara, profissionais de saúde devem estar cientes dessa possibilidade para fornecer o cuidado adequado. Para gestantes, é importante manter um acompanhamento pré-natal regular e discutir quaisquer preocupações com seu obstetra, garantindo assim a saúde e o bem-estar materno e fetal."
* Aline Leite Nogueira, ginecologista é médica da AMCR – Associação Mulher Ciência e Reprodução Humana do Brasil
Por Redação Brazil Health