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Menopausa em Foco: Oprah, Ciência e Especialistas Rompem o Silêncio Sobre a Saúde Feminina
Uma revolução feminina no horário nobre
Com um time de peso formado por Halle Berry, Naomi Watts e Maria Shriver, o especial The Menopause Revolution, apresentado por Oprah Winfrey e exibido em rede nacional nos Estados Unidos, marcou um divisor de águas na forma como a sociedade enxerga a menopausa. Pela primeira vez, o tema foi tratado em horário nobre com profundidade, empatia e ciência, abordando saúde mental, sono, sexualidade e o impacto metabólico da queda hormonal.
“Eu pensei: ‘O que está acontecendo comigo?’”, revelou Oprah, ao compartilhar a perda de concentração que a levou a interromper seu famoso clube do livro. Como ela, milhões de mulheres enfrentam sintomas pouco conhecidos ou negligenciados — como palpitações cardíacas e lapsos cognitivos — sem entender que podem estar ligados à menopausa.
Muito além da ginecologia: o cérebro também sente
A endocrinologista Alessandra Rascovski explica que o cérebro é rico em receptores para o estrogênio. “A menopausa também é um processo neurológico. O estrógeno 17 beta estradiol tem ação direta nos receptores cerebrais, influenciando memória, concentração, humor e sono”, afirma.
Segundo ela, a falta de preparo dos profissionais de saúde e a ausência de informação sobre a fase tornam ainda mais difícil o diagnóstico e o cuidado adequado. De acordo com o documentário The M Factor Menopause, até 85% das mulheres afirmam que seus sintomas não foram devidamente tratados.
Menopausa precoce e prematura: qual a diferença?
A menopausa ocorre normalmente entre os 45 e 55 anos, mas pode surgir antes, dividida em dois grupos:
. precoce: ocorre antes dos 45 anos
. prematura: ocorre antes dos 40 anos
“Já acompanhei uma paciente que entrou na menopausa prematura aos 28 anos. Nesses casos, a reposição hormonal é mais do que recomendada”, alerta Rascovski. Fatores genéticos, doenças autoimunes, quimioterapia, infecções e até a exposição a disruptores endócrinos — como agrotóxicos e plásticos — estão entre os gatilhos possíveis.
Quando iniciar o tratamento?
A chamada “janela de oportunidade” para iniciar a reposição hormonal vai até 10 anos após o início da menopausa ou até os 60 anos de idade. Nesse período, é possível prevenir complicações metabólicas, preservar a saúde óssea e reduzir o risco de doenças cardiovasculares.
“Com os hormônios regulados, criamos um ambiente mais favorável para o metabolismo, o controle do peso e até o planejamento reprodutivo”, reforça a endocrinologista.
O Brasil e a urgência da conversa
No Brasil, segundo o IBGE, cerca de 29 milhões de mulheres vivem no climatério — fase que antecede e acompanha a menopausa. Fernanda Lima é uma das brasileiras que têm usado sua visibilidade para “distabulizar” o assunto. “Chegou a hora de falar de menopausa. É o tempo da menopausa”, disse em entrevista recente.
Iniciativas como o The Menopause Revolution ajudam a iluminar um tema historicamente ignorado. Para Alessandra Rascovski, o debate precisa sair do consultório e ganhar espaço na mídia, nas políticas públicas e na vida cotidiana. “Cuidar de mulher é cuidar do futuro, do cérebro, da família e da sociedade”, conclui.
Por Redação Brazil Health