Infectologia
26 de Fevereiro de 2025

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Novo Coronavírus HKU5-CoV-2: Existe Risco de uma Nova Pandemia?

Especialista explica riscos do vírus identificado na China e alerta para necessidade de vigilância global

Pesquisadores chineses identificaram um novo coronavírus, o HKU5-CoV-2, em morcegos na região central da China. A descoberta levanta um alerta sobre seu potencial pandêmico e a possibilidade de novos surtos. Embora ainda não tenha sido detectado em humanos, a similaridade com o SARS-CoV-2, causador da Covid-19, exige monitoramento contínuo.

Segundo o infectologista Dr. Celso Granato, membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML), o HKU5-CoV-2 usa o mesmo mecanismo de entrada nas células humanas que o coronavírus da Covid-19, o que sugere um potencial risco. “Embora esteja restrito aos morcegos, ele tem capacidade de infectar humanos, e por isso deve ser acompanhado de perto”, afirma o especialista.

Há risco de imunidade cruzada?

Mesmo quem já teve Covid-19 ou tomou vacinas contra o SARS-CoV-2 pode não estar protegido contra esse novo coronavírus. “Não se trata de uma variante da Covid-19, mas sim de um vírus diferente. Por isso, a imunidade adquirida contra o SARS-CoV-2 pode não ser eficaz”, explica Granato.

O maior risco para surtos futuros está na transmissão do vírus de animais para humanos. Acredita-se que a Covid-19 tenha surgido de morcegos e passado para humanos por meio de um hospedeiro intermediário. Se o HKU5-CoV-2 seguir o mesmo caminho, poderá desencadear uma nova crise sanitária.

Mercados de animais e risco de novas pandemias

O especialista destaca a importância da fiscalização dos mercados que comercializam animais vivos, especialmente na China. “Se medidas rigorosas não forem implementadas, há risco de que um novo coronavírus atravesse a barreira das espécies e atinja humanos”, alerta.

Após a pandemia de Covid-19, controles sanitários foram reforçados, mas ainda não há garantias sobre sua eficácia. Além disso, o HKU5-CoV-2 pode se adaptar a outras espécies, aumentando suas chances de transmissão para humanos.

Como a ciência pode responder a uma nova ameaça viral?

Caso o novo coronavírus se torne uma ameaça real, a experiência adquirida com a Covid-19 pode garantir uma resposta mais rápida. Com a sequência genética do vírus já identificada, é possível desenvolver testes moleculares, como o PCR, para detecção precoce.

“Podemos desenvolver testes rápidos imunocromatográficos para diagnóstico acessível e estudar se antivirais usados contra a Covid-19, como o Remdesivir, têm eficácia contra esse novo vírus”, explica Granato. Caso contrário, novos tratamentos precisarão ser criados.

Vacinas podem ser desenvolvidas rapidamente?

Se necessário, vacinas baseadas em RNA mensageiro podem ser adaptadas com maior agilidade para conter o HKU5-CoV-2. “Diferente de 2020, hoje temos conhecimento avançado sobre vacinas de mRNA, o que nos permitiria criar uma vacina específica em um tempo muito menor”, destaca Granato.

A principal preocupação, no entanto, será a produção e distribuição dessas vacinas em escala global, evitando uma nova crise sanitária.

Conclusão

Embora o HKU5-CoV-2 ainda não tenha sido detectado em humanos, seu potencial de transmissão e a semelhança com o SARS-CoV-2 exigem vigilância epidemiológica constante. Medidas preventivas, como controle rigoroso em mercados de animais e resposta rápida da ciência, serão fundamentais para evitar uma nova pandemia.

“O que aprendemos nos últimos anos deve ser usado para garantir que o mundo esteja preparado para futuras ameaças. A ciência segue monitorando, e a sociedade deve permanecer atenta. O conhecimento é a melhor defesa contra pandemias futuras”, finaliza Granato.

Por Redação Brazil Health

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