Infectologia
03 de Março de 2025

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Pesquisa Inédita Descobre Novo Tipo de Coronavírus em Morcegos no Brasil

Estudo aponta similaridade com o Mers-CoV e reforça importância da vigilância viral

Pesquisadores brasileiros, em colaboração com a Universidade de Hong Kong, identificaram pela primeira vez na América do Sul um novo coronavírus em morcego capturado no Ceará. O vírus apresenta semelhanças com o Mers-CoV, agente da Síndrome Respiratória do Oriente Médio, e com o HKU5, descrito recentemente na China. O estudo, publicado no Journal of Medical Virology, foi liderado pelo professor Ricardo Durães, da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp), em parceria com a doutoranda Bruna Stefanie Silvério.


Avanço na vigilância viral


A pesquisa coloca o Brasil na vanguarda dos estudos sobre coronavírus emergentes e destaca a relevância da cooperação científica para a prevenção de futuras epidemias. "Nosso estudo reforça a importância da vigilância e da epidemiologia molecular na detecção de vírus emergentes. A colaboração com a Universidade de Hong Kong e o LACEN-CE evidencia o papel das pesquisas internacionais no avanço do conhecimento sobre doenças virais", explica Ricardo Durães.


Descobertas e metodologia


O estudo identificou sete coronavírus distintos em morcegos, incluindo um com 82,8% de cobertura genômica similar ao Mers-CoV. Foram utilizadas técnicas avançadas de sequenciamento de RNA e análise evolutiva para detalhar as características dos vírus.


Análises da proteína spike mostraram semelhanças com variantes de CoVs relacionadas ao Mers encontradas em humanos e camelos, incluindo resíduos que interagem com o receptor DPP4, usado pelo Mers-CoV para invadir células humanas. "Ainda é cedo para afirmar se este vírus pode infectar humanos, mas identificamos segmentos na proteína spike que sugerem uma possível interação com o mesmo receptor do Mers-CoV. Experimentos serão conduzidos em Hong Kong para aprofundar essa análise", destaca Bruna Silvério.


Importância da vigilância contínua


Apesar de não haver evidências de que esse novo coronavírus seja capaz de infectar humanos, a descoberta representa um avanço na compreensão da ecologia viral dos morcegos na América do Sul. Análises futuras avaliarão seu potencial zoonótico e sua evolução.


A pesquisa reforça a necessidade de monitoramento contínuo dos coronavírus circulantes em animais silvestres e de iniciativas científicas conjuntas para prevenir riscos à saúde pública global.

Por Redação Brazil Health

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