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Acesso a Medicamentos Impacta na Sobrevida de Mulheres com Câncer de Mama
Uma pesquisa realizada com a participação da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) aponta diferenças significativas nos resultados do tratamento do câncer de mama HER2+ entre pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e da saúde suplementar. O estudo, publicado na revista médica The Breast, reforça a necessidade de ampliar o acesso ao trastuzumabe, medicamento essencial no combate a esse tipo agressivo da doença.
“Nosso levantamento evidencia a urgência de equiparar o acesso ao trastuzumabe. Esse medicamento, combinado à quimioterapia, aumenta significativamente a chance de eliminação total do tumor”, explica Marcelo Antonini, mastologista e membro da SBM Regional São Paulo.
Diferenças no acesso ao tratamento
O estudo comparou 381 pacientes do hospital público Pérola Byington com 78 atendidas pelo Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), da rede privada, entre 2011 e 2020. Os resultados foram alarmantes:
Acesso ao trastuzumabe:
. SUS: Apenas 60% das pacientes receberam a medicação.
. Saúde suplementar: 83,4% tiveram acesso ao tratamento completo.
. Resposta patológica completa (eliminação total do tumor):
. Setor privado: 52,7% das pacientes tiveram eliminação total da doença.
. SUS: Apenas 26,4% atingiram esse resultado.
Sobrevida após cinco anos de tratamento:
. Saúde suplementar: 79% das mulheres permaneceram vivas.
. SUS: A taxa foi significativamente menor, 58%.
Segundo Antonini, a disparidade no tratamento influencia diretamente na sobrevida das pacientes. O estudo mostrou que, entre as mulheres que atingiram resposta patológica completa no setor privado, a taxa de sobrevida foi de 80%, enquanto no SUS foi apenas 61%.
Outros medicamentos ainda inacessíveis no SUS
Além do trastuzumabe, outro medicamento essencial para o tratamento do câncer de mama HER2+, o pertuzumabe, continua indisponível na rede pública.
“A falta de acesso a terapias inovadoras no SUS impacta diretamente os resultados do tratamento. O mesmo ocorre com pacientes com câncer de mama triplo negativo, que não têm acesso ao pembrolizumabe, um medicamento que melhora as taxas de sobrevida dessas mulheres”, destaca Antonini.
O que pode ser feito?
A pesquisa reforça a necessidade de políticas públicas mais eficazes para ampliar o acesso ao tratamento do câncer de mama. Entre as propostas levantadas pelos especialistas estão:
. Incorporação acelerada de novos medicamentos ao SUS.
. Expansão do acesso a terapias essenciais.
. Atendimento multidisciplinar para melhor acompanhamento das pacientes.
. Ampliação da infraestrutura e treinamento de profissionais de saúde.
“É fundamental garantir equidade no tratamento do câncer de mama. O acesso a terapias modernas pode fazer a diferença entre a vida e a morte dessas pacientes”, conclui Antonini.
A pesquisa acende um alerta sobre a desigualdade no tratamento do câncer no Brasil e reforça a necessidade de maior investimento na saúde pública para salvar vidas.
Por Redação Brazil Health