Neurologia
31 de Março de 2025

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Além do Tremor: Sintomas Invisíveis do Parkinson que Afetam a Qualidade de Vida

Muito além do tremor, o Parkinson pode provocar sintomas silenciosos e devastadores como fadiga intensa, dores crônicas, distúrbios cognitivos, depressão e dificuldades emocionais. Para o Dr. Marcelo Valadares, neurocirurgião funcional e pesquisador da Unicamp, é essencial que os profissionais de saúde e a sociedade voltem seu olhar também para esses sinais, muitas vezes subestimados ou confundidos com o envelhecimento natural.

“O paciente pode apresentar constipação, quedas de pressão, dificuldades de fala e alterações posturais antes mesmo de qualquer tremor visível”, alerta o especialista. Esses sintomas, conhecidos como não motores, impactam a autoestima, a autonomia e a qualidade de vida dos cerca de 200 mil brasileiros que convivem com a doença, segundo estimativas da OMS.

Diagnóstico e rotina afetada

A evolução do Parkinson é variável. Em pacientes mais jovens, os efeitos na vida profissional e social costumam ser mais intensos. “O simples fato de comparecer a uma reunião de trabalho pode se tornar um desafio por conta dos tremores e da rigidez muscular”, afirma o médico. Isso gera impactos emocionais severos: cerca de 50% dos pacientes desenvolvem quadros de depressão e 20% enfrentam depressão severa.

Para o neurocirurgião, um atendimento humanizado, com escuta ativa e acompanhamento próximo, é fundamental. “Muitas vezes, o que mais aflige o paciente não é o tremor, mas a perda da autonomia”, destaca. Por isso, o tratamento deve ser multidisciplinar, com apoio psicológico, fisioterapia e fonoaudiologia.

Desigualdade no acesso ao tratamento

Outro obstáculo é a desigualdade de acesso à saúde. Enquanto grandes centros urbanos oferecem suporte qualificado, cidades menores enfrentam carência de profissionais especializados e infraestrutura adequada. Soma-se a isso a falta de medicamentos, que compromete a continuidade do tratamento. “É preciso planejamento mais eficiente e fiscalização rigorosa para garantir o fornecimento regular dos remédios”, pontua o especialista.

Inclusão e suporte social são urgentes

A falta de acessibilidade, o preconceito no ambiente de trabalho e a sobrecarga dos familiares cuidadores ampliam os desafios enfrentados por quem convive com o Parkinson. “As leis existem, mas muitas vezes não são aplicadas. O simples ato de caminhar pela cidade pode ser um desafio”, destaca Valadares.

Para ele, é preciso superar o estigma e ampliar o debate sobre o Parkinson, com políticas públicas eficazes, isenções fiscais mais abrangentes, ambientes acessíveis e estratégias que incentivem a inclusão dos pacientes na vida ativa e social.

“O manejo do Parkinson vai além do controle motor. É preciso cuidar do paciente como um todo. Empatia, inclusão e acolhimento são tão importantes quanto o tratamento medicamentoso”, conclui o neurocirurgião.

Por Redação Brazil Health

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