Neurologia
26 de Abril de 2025

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Dia Nacional do Parkinson: Alerta para Hidrocefalia de Pressão Normal, Diagnóstico Pouco Conhecido

Em 4 de abril, quando se celebra o Dia Nacional do Portador da Doença de Parkinson, o neurocirurgião e neurocientista Dr. Fernando Gomes, professor livre-docente da USP, chama atenção para um diagnóstico frequentemente negligenciado, mas que pode mudar a vida de muitos idosos: a Hidrocefalia de Pressão Normal (HPN), uma forma rara de demência que tem tratamento eficaz e pode ser confundida com Parkinson.

“Nem todo caso que parece Parkinson é realmente Parkinson”, alerta o especialista. Segundo ele, sintomas como dificuldade para caminhar, incontinência urinária e lapsos de memória são comuns também em pacientes com HPN, mas essa condição ainda é pouco reconhecida entre os profissionais e a população geral. “A HPN é uma das poucas formas de demência com chance real de melhora após o tratamento, mas é preciso identificar a tempo”, reforça.

Entenda a HPN

A Hidrocefalia de Pressão Normal ocorre quando há acúmulo de líquido cefalorraquidiano nos ventrículos do cérebro, causando um alargamento das cavidades cerebrais, sem aumento detectável da pressão intracraniana. Esse quadro pode gerar alterações motoras, cognitivas e urinárias, frequentemente atribuídas ao processo natural de envelhecimento.

Entre os sintomas mais comuns estão:

•⁠ ⁠Dificuldade para andar, com passos curtos e marcha desequilibrada

•⁠ ⁠Incontinência urinária, inicialmente com urgência, depois com perda involuntária

•⁠ ⁠Comprometimento da memória e das funções cognitivas

O Dr. Fernando Gomes destaca que esses sinais costumam aparecer a partir dos 65 anos e, muitas vezes, são erroneamente associados ao avanço da idade ou à Doença de Parkinson. “Esse erro diagnóstico priva o paciente de um tratamento relativamente simples e com potencial de reversão dos sintomas”, afirma.

Diagnóstico e tratamento

A boa notícia é que a HPN pode ser identificada por exames como tomografia de crânio e ressonância magnética, que revelam o aumento dos ventrículos cerebrais. Com o diagnóstico correto, o tratamento consiste na colocação de uma válvula de derivação, que drena o excesso de líquido do cérebro para a cavidade abdominal, aliviando os sintomas.

“Quanto mais precoce for a intervenção, melhores são os resultados. A qualidade de vida pode melhorar significativamente, com recuperação da mobilidade, da continência e da cognição”, explica o neurocirurgião.

Neste mês de conscientização sobre o Parkinson, o alerta é claro: é preciso ampliar o olhar sobre doenças neurológicas em idosos e considerar diagnósticos alternativos que, como a HPN, permitem reverter sintomas que antes pareciam irreversíveis. A avaliação médica especializada é fundamental.

Por Redação Brazil Health

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