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Doença de Parkinson cresce no Brasil: desafios, custos e avanços no tratamento segundo especialist
A Doença de Parkinson, conhecida por causar tremores, lentidão de movimentos e rigidez muscular, tem ganhado espaço nas discussões de saúde pública no Brasil. O motivo? O número crescente de casos impulsionado pelo envelhecimento da população e os altos custos sociais e econômicos relacionados ao tratamento.
“A Doença de Parkinson é uma condição neurodegenerativa complexa e progressiva, e seus impactos vão muito além dos sintomas motores”, explica o neurologista Dr. Augusto Coelho, diretor clínico da Associação Brasil Parkinson. “Com o aumento da expectativa de vida da população brasileira, é natural que vejamos um crescimento nos casos — e isso exige preparo do sistema de saúde.”
A doença cresce junto com o envelhecimento da população
Segundo uma meta-análise recente publicada na revista Movement Disorders, a prevalência média da doença na América Latina é de 472 casos por 100 mil habitantes. No Brasil, o Estudo Bambuí já apontava que 3,3% da população com mais de 64 anos apresenta sinais de Parkinson.
Além do impacto sobre a saúde, os custos também chamam atenção. Um estudo publicado na revista Parkinsonism & Related Disorders estimou que o custo anual médio do Parkinson por paciente no Brasil ultrapassa os 4 mil dólares, somando despesas médicas, medicamentosas e indiretas, como perda de produtividade. “Grande parte desses custos são arcados pelas famílias, principalmente quando o acesso ao tratamento pelo SUS é limitado ou atrasado”, reforça o neurologista.
Levodopa, Estímulo Cerebral Profundo e o futuro do tratamento
Embora ainda não exista cura para o Parkinson, os tratamentos vêm evoluindo significativamente desde o surgimento da levodopa, na década de 1960. “A levodopa mudou completamente o panorama da doença, permitindo mais qualidade de vida e autonomia aos pacientes. Porém, com o tempo, ela pode perder eficácia ou não controlar certos sintomas”, explica Dr. Coelho.
A partir da década de 1990, uma nova esperança surgiu com o Estímulo Cerebral Profundo (ECP), um procedimento neurocirúrgico que implanta eletrodos em áreas específicas do cérebro para reduzir os sintomas da doença. Essa tecnologia, disponível pelo Sistema Único de Saúde, tem sido usada em casos avançados, com resultados positivos.
“O ECP trouxe uma nova perspectiva no manejo de sintomas refratários, principalmente tremores e flutuações motoras. Mas ainda há desafios importantes, como os sintomas não motores e os distúrbios da marcha e do equilíbrio, que não respondem bem às terapias atuais”, explica.
Políticas públicas, diagnóstico precoce e equipe multidisciplinar
O especialista defende que o combate ao Parkinson no Brasil deve passar por uma política pública mais estruturada e equitativa. Isso inclui desde a ampliação do acesso ao diagnóstico precoce até a inclusão de terapias avançadas no cotidiano dos pacientes.
“Investir em educação médica, capacitação de equipes multiprofissionais e fortalecimento da rede de apoio é essencial. O cuidado com o paciente com Parkinson vai muito além da prescrição de medicamentos”, finaliza Dr. Coelho.
A Doença de Parkinson é um desafio crescente para o Brasil, mas com planejamento, inovação e cuidado humanizado, é possível oferecer mais dignidade e qualidade de vida aos pacientes.
Por Redação Brazil Health