Neurologia
26 de Abril de 2025

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O Que Acontece no Cérebro Quando...?: Neurocientista da USP Explica Reações às Emoções

Alegria, tristeza, foco, sono, alimentação e até um treino na academia: tudo o que fazemos dispara reações intensas e coordenadas no cérebro, em uma verdadeira sinfonia neuroquímica e elétrica. Entender essas reações ajuda a cuidar melhor da saúde mental e física. Quem explica é o neurocirurgião, neurocientista e professor livre-docente da USP, Dr. Fernando Gomes.

“Viver bem é, antes de tudo, viver com o cérebro a seu favor”, afirma o especialista.

Alegria e tristeza: lados opostos da química cerebral

Quando sentimos alegria, o cérebro responde com uma combinação poderosa de dopamina, serotonina e endorfinas, neurotransmissores ligados ao prazer e à sensação de bem-estar. “Essa combinação cria a sensação de recompensa, reforça comportamentos positivos e até fortalece o sistema imunológico”, explica Dr. Fernando.

Já na tristeza, o padrão se inverte. “Há redução dos níveis de serotonina e dopamina, e a atividade do córtex pré-frontal diminui. Isso afeta nossa motivação e processamento de decisões”, afirma.

Estresse e foco: alerta e fadiga mental

Situações de estresse ativam a amígdala cerebral, que aciona o hipotálamo para liberar hormônios como cortisol e adrenalina. “Isso acelera o coração, aumenta a atenção, mas em excesso pode prejudicar a memória, o sono e a imunidade”, diz o neurocientista.

Durante o trabalho, o cérebro ativa o córtex pré-frontal, responsável por planejamento e resolução de problemas. “Se houver prazer na tarefa, há aumento de dopamina. Mas a sobrecarga causa fadiga mental”, alerta.

Estudos e alimentação: transformação e prazer

Aprender é uma experiência que literalmente transforma o cérebro. “Durante os estudos, novas conexões sinápticas se formam, principalmente no hipocampo, região que consolida a memória”, afirma o médico.

Ao se alimentar, o impacto vai além da nutrição. “Comer libera dopamina, especialmente com alimentos que gostamos. O hipotálamo regula fome e saciedade, e o intestino, conhecido como ‘segundo cérebro’, envia sinais importantes ao sistema nervoso central”, destaca.

Exercício e sono: novos neurônios e limpeza cerebral

Atividades físicas melhoram o fluxo sanguíneo no cérebro e estimulam a liberação de endorfinas. “A prática regular ainda promove a neurogênese — formação de novos neurônios —, melhora o humor, o sono e reduz o risco de depressão”, pontua Dr. Fernando.

No sono profundo, o cérebro não desliga. Pelo contrário: “Durante o sono, o sistema glinfático realiza uma ‘faxina’ que remove toxinas. Também ocorre a consolidação de memórias e a regulação do humor”, finaliza o especialista.

Entender a fisiologia cerebral nas pequenas ações do dia a dia é essencial para viver com mais consciência, equilíbrio e saúde.

Por Redação Brazil Health

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