Neurologia
27 de Janeiro de 2025

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Retomar a rotina: como o cérebro se adapta após as férias

O fim de férias, recesso ou até mesmo de um final de semana pode ser desafiador, exigindo do corpo e da mente uma readaptação ao ritmo estruturado do dia a dia. Essa transição, embora natural, pode gerar desconfortos como insônia, irritabilidade e dificuldade de concentração. A boa notícia é que o cérebro, graças à neuroplasticidade - sua capacidade de reorganizar conexões e se ajustar a novas situações -, é capaz de enfrentar essas mudanças.

O neurocirurgião e neurocientista Dr. Fernando Gomes, professor da Faculdade de Medicina da USP, explica como o cérebro reage ao fim do período de descanso e como aproveitar essa capacidade para uma transição mais tranquila. “O tempo necessário para que o cérebro se adapte ao retorno da rotina varia entre 5 e 14 dias, dependendo de fatores como idade, nível de estresse e qualidade do descanso durante as férias. Nesse período, o cérebro reorganiza padrões de atenção, memória e tomada de decisão, ajustando-se gradualmente ao ritmo da rotina.”

O impacto do retorno e o papel do cortisol

Durante as férias, é comum que os horários de sono e vigília fiquem desregulados. Quando a rotina retorna, o cérebro precisa de alguns dias para reajustar o ciclo biológico. Esse processo pode levar a um aumento temporário nos níveis de cortisol, o hormônio do estresse. “Embora o aumento do cortisol seja normal, uma gestão inadequada dessa transição pode dificultar a adaptação e impactar o bem-estar emocional e físico”, alerta Dr. Fernando.

Dicas para uma transição mais suave

O neurocientista recomenda algumas práticas para ajudar o cérebro a se reorganizar de maneira saudável:

   •       Estabeleça uma rotina consistente: manter horários regulares de sono, alimentação e trabalho ajuda o cérebro a se ajustar mais rapidamente.

   •       Retome as atividades gradualmente: evite um retorno abrupto e sobrecarregado; isso ajuda a prevenir o estresse.

   •       Faça pausas frequentes: pequenos intervalos ao longo do dia permitem que o cérebro processe as mudanças e recupere o foco.

   •       Aposte em práticas saudáveis: exercícios físicos, alimentação equilibrada e técnicas de relaxamento, como meditação, são aliados para reduzir os níveis de cortisol e promover o bem-estar.

Quando procurar ajuda?

Se, após duas semanas, os sintomas como dificuldade de foco, cansaço extremo ou irritabilidade persistirem, pode ser sinal de estresse crônico ou de outras condições, como transtornos mentais pré-existentes. Dr. Fernando ressalta a importância de buscar ajuda profissional nesses casos.

O papel do Janeiro Branco na saúde mental

A campanha Janeiro Branco, que em 2025 adota o tema “O que fazer pela saúde mental agora e sempre?”, reforça a importância de cuidar da saúde emocional, especialmente em períodos de transição. A iniciativa, alinhada com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), chama a atenção para os riscos do estresse crônico, que pode levar a condições como depressão, ansiedade e síndrome de burnout.

Segundo o Dr. Fernando Gomes, “a saúde mental é um componente essencial para o equilíbrio e a qualidade de vida. Criar ambientes saudáveis em casa, no trabalho e nas escolas é um passo fundamental para promover a conscientização e a prevenção”.

Ao compreender os desafios dessa readaptação e adotar práticas preventivas, é possível transformar a volta à rotina em um processo mais leve e equilibrado, protegendo não apenas o cérebro, mas também o bem-estar integral.

Por Redação Brazil Health

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