Nutrição
27 de Fevereiro de 2025

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Falta de Nutrientes Pode Estar Relacionada à Depressão, Revelam Estudos

Deficiências nutricionais afetam neurotransmissores e podem agravar sintomas do transtorno

A depressão é um dos maiores desafios de saúde pública da atualidade e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), tem potencial para se tornar a doença mais comum no mundo até 2030. Atualmente, mais de 300 milhões de pessoas convivem com o transtorno, e o Brasil lidera o ranking da América Latina, com 5,8% da população afetada.

Pesquisas recentes têm demonstrado que a alimentação desempenha um papel crucial na saúde mental. De acordo com uma revisão publicada na RevistaFT, dietas ricas em alimentos ultraprocessados e pobres em nutrientes aumentam o risco de sintomas depressivos e de ansiedade. Já dietas equilibradas, com ômega-3, vitaminas do complexo B, vitamina D, magnésio e zinco, podem contribuir para a redução dos sintomas e até ajudar na prevenção da doença.

Vitamina D e seu impacto na depressão

A vitamina D tem sido um dos nutrientes mais estudados na relação entre alimentação e saúde mental. Um estudo conduzido pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com dados do EpiFloripa Idoso, revelou que idosos com deficiência de vitamina D tinham 2,27 vezes mais chances de apresentar sintomas depressivos em comparação àqueles com níveis normais da substância no organismo.

“Ainda não podemos afirmar que a vitamina D atua como tratamento definitivo para a depressão, mas os resultados indicam que sua suplementação pode ter um papel importante na saúde mental dos idosos”, afirma Gilciane Ceolin, pesquisadora responsável pelo estudo.

Ômega-3: aliado na prevenção de transtornos mentais

Outro nutriente essencial para a saúde mental é o ômega-3, um ácido graxo presente em peixes e oleaginosas. Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do Estado de São Paulo (SBGG-SP), o ômega-3 tem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, que ajudam a prevenir transtornos mentais, como depressão e ansiedade.

Estudos indicam que o ômega-3 pode modular a ação da serotonina, neurotransmissor responsável pelo equilíbrio do humor, o que explica sua influência na redução dos sintomas depressivos.

Ácido fólico e sua relação com neurotransmissores

O ácido fólico, conhecido por seu papel essencial na gestação, também tem impacto direto na saúde mental. No organismo, ele é convertido em metilfolato, substância fundamental para a produção de neurotransmissores como a serotonina.

De acordo com o ginecologista e obstetra Carlos Eduardo Martins, cerca de 30% da população tem dificuldade na conversão do ácido fólico em metilfolato devido a uma deficiência enzimática. “O metilfolato já está na forma ativa e pode ser mais bem absorvido pelo organismo, com uma taxa de aproveitamento 26% superior à do ácido fólico”, explica.

Essa diferença levou cientistas a testarem o metilfolato como potencial aliado no tratamento da depressão. Pesquisadores de Harvard, do Massachusetts General Hospital e do Centro Médico Samsung, na Coreia do Sul, realizaram um estudo com pacientes diagnosticados com depressão bipolar. Durante seis meses, os participantes receberam 15 mg diários de metilfolato, e os resultados foram animadores:

. 60% dos pacientes tiveram redução de 50% nos sintomas;

. 40% alcançaram a remissão completa da doença.

Outro estudo, conduzido por cientistas da Universidade do Alabama e da Cone Health, acompanhou 554 pacientes que receberam doses diárias de 7,5 mg ou 15 mg de metilfolato por três meses. Em ambos os grupos, houve melhora significativa nos sintomas e maior satisfação com o tratamento.

Sinais de alerta e formas de prevenção

Segundo o Ministério da Saúde, a depressão pode se manifestar de diversas formas, incluindo:

            •          Cansaço persistente e falta de energia;

            •          Sensação de tristeza ou apatia prolongada;

            •          Alterações no sono e apetite;

            •          Dificuldade de concentração;

            •          Perda de interesse por atividades antes prazerosas.

Caso esses sintomas sejam percebidos, a recomendação é procurar atendimento médico ou psiquiátrico.

Além do tratamento convencional, o Ministério da Saúde recomenda hábitos saudáveis para prevenção da doença, incluindo:

. Dieta equilibrada, rica em nutrientes essenciais;

. Atividade física regular, que estimula neurotransmissores ligados ao bem-estar;

. Evitar álcool e cafeína em excesso;

. Momentos de lazer e relaxamento para redução do estresse;

. Sono regulado, pois noites mal dormidas aumentam o risco de depressão.

A relação entre nutrição e saúde mental abre novas possibilidades terapêuticas e reforça a importância de um estilo de vida saudável para prevenir e tratar a depressão. Estudos continuam avançando para integrar estratégias alimentares ao manejo clínico da doença, oferecendo novas perspectivas para milhões de pessoas.

Por Redação Brazil Health

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