Odontologia
15 de Maio de 2025

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Doce sabor, efeito devastador: vape acelera danos na boca e preocupa especialistas

Doce sabor, efeito devastador: vape acelera danos na boca e preocupa especialistas

Dentistas alertam que o uso de cigarros eletrônicos já provoca cáries, gengivite e retração gengival em jovens; dispositivos contêm compostos que desequilibram toda a cavidade oral

Com sabores adocicados e aparência moderna, os cigarros eletrônicos conquistaram uma geração de adolescentes e jovens adultos no Brasil. Mas por trás da popularidade dos vapes, cresce o alerta entre especialistas da saúde bucal: os efeitos colaterais são severos, rápidos e visíveis.

“O vape cria uma falsa sensação de segurança. Mas, em pouco tempo, já conseguimos identificar danos clínicos expressivos na boca dos pacientes”, afirma o ortodontista Wagner Alviano, doutor pela UFRJ. Ele explica que o vapor inalado desses dispositivos resseca a mucosa oral, altera o pH bucal e facilita a proliferação de bactérias nocivas. O resultado? Cáries, gengivite, retração gengival, manchas e até lesões ulceradas em uma população que, até pouco tempo, não apresentava esse perfil clínico.

Boca é a primeira a sofrer os impactos

alterações do pH favorecem bactérias agressivas

vapor quente pode causar inflamações e úlceras

risco maior de periodontite e perda óssea precoce

efeitos agravam-se em usuários de aparelho ortodôntico

O relato recente da advogada e influenciadora Deolane Bezerra, que decidiu abandonar o vape após sentir dores no peito, trouxe ainda mais visibilidade ao tema. Para os profissionais de saúde, esse tipo de depoimento público é importante para alertar especialmente o público mais jovem, que tende a normalizar o uso do cigarro eletrônico como um item de estilo de vida.

Dados do INCA revelam que 20% dos jovens brasileiros já experimentaram o vape — embora a comercialização seja proibida pela Anvisa desde 2009. As substâncias presentes, como nicotina concentrada, propilenoglicol e glicerina vegetal, ao serem aquecidas, formam vapores que danificam a mucosa e podem gerar alterações celulares.

Segundo Alviano, o problema se agrava em pacientes em tratamento ortodôntico. “A presença do aparelho torna a limpeza mais difícil e a mucosa mais vulnerável. O vape compromete a adesão ao tratamento e pode causar inflamações que prejudicam os resultados”, adverte.

A OMS já considera o crescimento do uso de Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs) entre adolescentes uma emergência de saúde pública. E países como o Reino Unido estudam leis mais duras para conter o avanço. No Brasil, a Anvisa voltou a reafirmar, em abril deste ano, a proibição da venda, importação e propaganda desses produtos.

“Estamos diante de um novo inimigo travestido de tendência. Precisamos incluir a saúde bucal com mais ênfase nas campanhas de combate ao uso de cigarros eletrônicos”, finaliza o ortodontista. Enquanto a sociedade ainda debate os riscos dos DEFs, o corpo humano, especialmente a boca, já dá o primeiro alerta.

Por Redação Brazil Health

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