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Câncer de mama triplo-negativo: diagnóstico tardio aumenta mortalidade e sobrecarga para o SUS
Um estudo da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) acende o alerta para os efeitos do câncer de mama triplo-negativo na rede pública de saúde. Considerado um dos tipos mais agressivos da doença, esse subtipo não responde a terapias hormonais e afeta principalmente mulheres jovens — muitas delas com mutações nos genes BRCA1 e BRCA2. No Brasil, a taxa de mortalidade pode chegar a 40%.
A pesquisa foi realizada com 710 mulheres atendidas entre 2010 e 2019 no hospital público Pérola Byington, em São Paulo. A média de idade ao diagnóstico foi de 52,5 anos, e quase metade das pacientes já estavam em estágio III da doença. “Detectar precocemente faz toda a diferença”, afirma o mastologista André Mattar, membro da SBM e primeiro autor do estudo. “Pacientes diagnosticadas no estágio II têm 47% menos risco de morte do que aquelas em estágio III.”
Tratamento limitado e custo elevado
Na ausência de tratamentos hormonais, a quimioterapia convencional é a principal abordagem disponível no SUS. O estudo mostrou que, entre as pacientes tratadas com carboplatina, apenas 22,6% atingiram a chamada resposta patológica completa, quando a doença desaparece temporariamente. Essa resposta é um dos principais indicadores de sucesso terapêutico e reduz o risco de morte em até 79%.
No entanto, terapias inovadoras como a imunoterapia com pembrolizumabe, já disponíveis na saúde suplementar, ainda não estão acessíveis pelo SUS. O impacto financeiro também chama atenção: enquanto uma paciente em estágio inicial custa ao sistema cerca de R$ 570 por mês em quimioterapia, esse valor pode ultrapassar R$ 1.760 mensais para casos avançados, chegando a mais de R$ 3 milhões ao longo do tratamento.
A urgência do diagnóstico precoce
O estudo reforça a importância de políticas públicas que garantam diagnóstico rápido e acesso a terapias de ponta. Segundo Mattar, investir em rastreamento e tratamentos modernos pode não só salvar vidas, mas também reduzir significativamente os gastos do SUS. Atualmente, cerca de 75% dos brasileiros dependem exclusivamente da rede pública de saúde.
“Precisamos ampliar o acesso a terapias inovadoras no SUS, como já acontece na saúde privada”, defende Mattar. “Com diagnóstico precoce e tratamento adequado, podemos mudar o curso da doença e reduzir o impacto econômico.”
Por Redação Brazil Health