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Câncer de Ovário Responde por 30% das Mortes por Tumores Ginecológicos no Mundo
Embora represente 22% dos tumores ginecológicos no mundo, o câncer de ovário é responsável por mais de 30% das mortes dentro desse grupo, segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) com base nos dados Globocan da OMS. O alerta chega às vésperas do Dia Mundial do Câncer de Ovário, celebrado em 8 de maio.
Segundo a análise, em 2022 foram registrados mais de 324 mil novos casos de câncer de ovário no mundo, com cerca de 207 mil mortes. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima 7.310 novos diagnósticos para 2025 e 4.037 óbitos registrados apenas em 2021, número que supera o de mortes por câncer de endométrio e fica atrás apenas do de colo do útero.
Diagnóstico tardio ainda é o principal desafio
A dificuldade no diagnóstico precoce é o que torna o câncer de ovário tão letal. De acordo com o programa SEERS, do Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos, apenas 20% dos casos são detectados quando ainda estão restritos ao ovário. “Quando isso acontece, a sobrevida em cinco anos é de 91,7%. Mas, infelizmente, mais da metade das pacientes já chega com metástases”, afirma o vice-presidente da SBCO, Reitan Ribeiro.
A ausência de exames eficazes de rastreamento — como o Papanicolau no caso do câncer de colo do útero — agrava ainda mais o cenário. “É um câncer silencioso, com sintomas que se confundem com outras condições comuns. Isso atrasa o diagnóstico e reduz as chances de cura”, diz o especialista.
Sintomas que não podem ser ignorados
Entre os sinais mais frequentes estão:
. inchaço ou aumento do abdômen
. sensação de saciedade precoce
. perda de peso sem motivo aparente
. desconforto pélvico e dor nas costas
. alterações intestinais e urinárias
. fadiga persistente
Genética tem papel maior do que se imaginava
Outro dado relevante é a origem hereditária da doença. “Cerca de 25% dos casos estão ligados a mutações genéticas, como nos genes BRCA1 e BRCA2”, afirma Reitan. Para ele, o acesso a testes genéticos pelo SUS poderia mudar o panorama do diagnóstico e do tratamento precoce. “Hoje, muitas mulheres com alto risco genético não têm como confirmar isso a tempo.”
Tratamento pode preservar fertilidade em alguns casos
O tratamento costuma envolver cirurgia e quimioterapia, mas varia conforme o estágio da doença e os desejos da paciente. “Em fases iniciais, é possível remover apenas um ovário e preservar o útero. Já nos estágios mais avançados, a cirurgia é mais abrangente, envolvendo ovários, tubas, útero, linfonodos e omento”, explica o cirurgião oncológico.
A SBCO reforça que a combinação entre diagnóstico precoce, acesso a testes genéticos e ampliação da conscientização é o caminho para mudar os índices alarmantes da doença.
Por Redação Brazil Health