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Câncer Infantil no Brasil: O Papel do Diagnóstico Precoce na Salvação de Vidas
O tempo como inimigo — e aliado
O câncer infantojuvenil é hoje a principal causa de morte por doença entre crianças e adolescentes no Brasil. Cerca de 8 mil novos casos surgem anualmente, segundo o INCA, mas o que mais preocupa os especialistas é que boa parte desses diagnósticos ainda acontece tarde demais. “O tempo pode ser o fator decisivo entre a vida e a morte”, alerta o oncologista pediátrico Dr. Renato Melaragno, membro da Comissão Médica do Instituto Ronald McDonald.
Embora as chances de cura ultrapassem 80% quando o diagnóstico é precoce e o tratamento adequado, no Brasil ainda há grandes desigualdades regionais e falhas na capacitação dos profissionais da rede básica. No Norte do país, por exemplo, a taxa média de sobrevivência é de apenas 50%, enquanto no Sul chega a 75%.
Oncologia pediátrica precisa de políticas próprias
Segundo Melaragno, o câncer infantil deve ser tratado dentro de políticas específicas para a infância e adolescência, e não como uma extensão da oncologia geral. “Como representa apenas 2% dos casos em adultos, acaba sendo menos valorizado. É preciso capacitar os profissionais da atenção primária para que reconheçam os sinais de alerta e façam os encaminhamentos corretos.”
Os tipos mais comuns de câncer em crianças são as leucemias, os linfomas e os tumores do sistema nervoso central. Como os sintomas muitas vezes se confundem com doenças comuns da infância, o olhar atento de médicos e pais é essencial.
Avanços nos tratamentos e ações transformadoras
Nos últimos anos, o Instituto Ronald McDonald tem sido peça-chave nessa luta. Programas como o Diagnóstico Precoce já capacitaram mais de 44 mil profissionais e estudantes da área da saúde e contribuíram para reduzir o tempo médio de diagnóstico de 13 para 5 semanas.
Com mais de R$ 422 milhões investidos em oncologia pediátrica, o Instituto também atua na humanização do cuidado por meio dos programas Casa Ronald McDonald e Espaço da Família, que acolhem famílias em situação de vulnerabilidade durante o tratamento dos filhos. Uma pesquisa revelou que 84,7% das famílias hospedadas não teriam outra alternativa de moradia durante esse período.
Acolhimento que muda vidas
Para mães como Larissa Santos, que acompanha o tratamento da filha em São Paulo, o Espaço da Família Ronald McDonald tem sido um alento. “A gente senta, conversa, toma um café… Tenho acolhimento. O espaço é muito importante”, diz. As unidades oferecem estrutura com copa, espaço para refeições, computadores, livros, jogos e cadeiras de massagem.
No último ano, mais de 9.500 famílias foram atendidas pelos programas do Instituto. “Nosso compromisso é garantir que nenhuma criança abandone o tratamento por falta de condições”, afirma Danielle Basto, gerente de operações e impacto social.
O futuro exige ação imediata
Apesar dos avanços, os desafios persistem. Especialistas defendem que a oncologia pediátrica seja tratada com prioridade nas políticas públicas, com participação ativa dos profissionais da área e respeito às diferenças regionais. “O câncer infantil, que já foi sentença de morte, hoje pode ser vencido. Mas isso só será possível com diagnóstico precoce, acesso igualitário ao tratamento e políticas públicas eficazes”, reforça o Dr. Renato.
Fique atento aos sinais de alerta do câncer infantil:
. palidez e cansaço excessivo
. febres persistentes
. dores ósseas ou articulares
. caroços pelo corpo
. manchas roxas sem explicação
. alterações de comportamento
A luta contra o câncer infantil é uma corrida contra o tempo — e cada dia conta.
Por Redação Brazil Health