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Estudo Revela Como a Nicotina Acelera o Câncer de Pulmão e Aponta Novos Caminhos para o Tratamento
O papel oculto da nicotina na progressão do câncer
Embora a ligação entre tabagismo e câncer de pulmão seja conhecida há décadas, os mecanismos que tornam a nicotina tão perigosa continuam sendo objeto de estudo. Uma nova pesquisa publicada na revista Frontiers in Cell and Developmental Biology revelou que a substância não apenas vicia, mas também favorece o avanço do tumor por meio de um receptor celular específico: o α5-nAChR.
Segundo o oncologista torácico Carlos Gil Ferreira, “a nicotina ativa esse receptor, que desencadeia uma série de processos que aceleram o crescimento e a disseminação do câncer. Compreender esses mecanismos abre portas para terapias mais eficazes”.
Como o receptor α5-nAChR atua no tumor
Os receptores nicotínicos como o α5-nAChR são estruturas presentes nas células que respondem a estímulos químicos. Neste caso, a nicotina se liga a esse receptor e desencadeia três principais efeitos no câncer de pulmão:
. aceleração da multiplicação das células tumorais, ao ativar o fator STAT3, que regula genes de crescimento
. aumento da capacidade de metástase, por meio da chamada transição epitelial-mesenquimal, que torna as células mais móveis e invasivas
. evasão do sistema imunológico, dificultando que o corpo reconheça e ataque o tumor
“Esses efeitos tornam o câncer mais agressivo e resistente aos tratamentos convencionais, inclusive à imunoterapia”, alerta Ferreira.
Do laboratório aos pacientes: evidências sólidas
Para confirmar a hipótese, os pesquisadores do Research Center of Basic Medicine, na China, realizaram testes em células cancerígenas expostas à nicotina, além de estudos com camundongos e análises de amostras de pacientes. Os resultados mostraram que:
. tumores com altos níveis do receptor α5-nAChR cresciam mais rápido e apresentavam maior resistência
. camundongos tratados com nicotina desenvolveram tumores mais agressivos
. pacientes com expressão elevada desse receptor tinham pior resposta aos tratamentos
As descobertas indicam que bloquear esse receptor pode ser uma estratégia promissora para frear a progressão do câncer e potencializar o efeito de terapias já existentes.
Abandonar o cigarro é mais urgente do que nunca
Mais do que reforçar os riscos do tabagismo, o estudo acende um alerta para pacientes já diagnosticados. “A nicotina não só contribui para o surgimento do câncer, como também compromete a eficácia dos tratamentos. Interromper o fumo é essencial para melhorar os resultados terapêuticos”, conclui Ferreira.
Com base nessas evidências, a ciência se aproxima de novas abordagens que não apenas tratam o câncer, mas também impedem que ele se fortaleça com a ajuda da nicotina. O desafio agora é transformar essa descoberta em medicamentos que salvem vidas.
Por Redação Brazil Health