Pediatria
07 de Maio de 2025

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Comorbidades Silenciosas no Autismo: Um Desafio que Vai Além do Diagnóstico Inicial

Diagnosticar o Transtorno do Espectro Autista (TEA) já é um processo complexo. Mas o desafio não termina aí. Muitas crianças com autismo apresentam comorbidades que passam despercebidas, pois seus sintomas se confundem com os próprios sinais do espectro. A Dra. Gesika Amorim, pediatra com especialização em neurologia, psiquiatria e neurodesenvolvimento, alerta que a identificação dessas condições exige um olhar clínico treinado e avaliações constantes.

Comorbidades mais difíceis de reconhecer

. transtornos de ansiedade: podem se manifestar como evitamento social ou comportamentos repetitivos, sendo confundidos com traços do autismo.

. TDAH: a desatenção e a hiperatividade típicas do transtorno podem parecer uma extensão do comportamento autista, dificultando o diagnóstico.

. distúrbios do sono: comuns em crianças com TEA, muitas vezes são negligenciados por parecerem parte do quadro geral.

. epilepsia: convulsões discretas, como ausências, podem ser confundidas com distração ou comportamentos atípicos.

. distúrbios gastrointestinais: dor abdominal, constipação e outros sintomas podem não ser verbalizados pelas crianças, dificultando a percepção do problema.

“A sobreposição de sinais torna a avaliação ainda mais desafiadora. Por isso, é essencial realizar um acompanhamento contínuo e atento para garantir que nenhuma condição associada passe despercebida”, destaca a Dra. Gesika.

Tratamento individualizado e contínuo

Cada comorbidade exige um plano terapêutico próprio. A ansiedade e a depressão, por exemplo, podem ser tratadas com Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e, se necessário, medicamentos prescritos por psiquiatra. O mesmo vale para o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), que responde bem à TCC com técnicas de exposição e prevenção de resposta.

No caso do TDAH, a combinação entre medicamentos como metilfenidato e estratégias comportamentais ajuda a melhorar foco e controle da impulsividade. Já a epilepsia requer anticonvulsivantes e o acompanhamento rigoroso de um neurologista.

Para os distúrbios do sono, as abordagens incluem higiene do sono, rotina adequada e, em alguns casos, uso de melatonina. “O importante é lembrar que o tratamento das comorbidades precisa ser adaptado a cada fase da vida e à evolução do quadro”, reforça a médica.

Abordagem multidisciplinar é essencial

O sucesso do tratamento das comorbidades no autismo passa por um trabalho conjunto entre diferentes especialistas, incluindo pediatras, psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos. O envolvimento da família e dos cuidadores também é indispensável para garantir continuidade e efetividade das intervenções.

“Com diagnóstico cuidadoso, acompanhamento contínuo e suporte adequado, é possível melhorar significativamente a qualidade de vida das pessoas com TEA e suas famílias”, finaliza a Dra. Gesika Amorim.

Por Redação Brazil Health

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