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Álcool no Fim de Semana: Consumo Excessivo Tão Prejudicial Quanto o Diário, Alerta Especialista
A crença de que apenas quem bebe diariamente pode sofrer danos à saúde está sendo desafiada por especialistas. O consumo excessivo de álcool em curto período de tempo, conhecido como “binge drinking”, pode causar impactos similares ao consumo regular e contínuo, afetando tanto a saúde física quanto a mental.
Segundo Agnaldo Vieira dos Santos, psicólogo do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III Jardim Ângela (CAPS AD III), esse padrão de consumo, comum nos finais de semana, pode levar a doenças hepáticas, como cirrose e esteatose hepática, além de prejudicar a memória, o sistema cardiovascular e aumentar sintomas de ansiedade e depressão.
“Embora as novas gerações estejam consumindo menos álcool em comparação às anteriores, pesquisas mostram um aumento expressivo do binge drinking entre os que optam por beber. Esse hábito pode parecer inofensivo, mas impacta o corpo da mesma forma que o consumo diário”, explica o especialista.
Sinais de alerta para o consumo excessivo
Vieira dos Santos destaca alguns indicadores de que o consumo está ultrapassando os limites:
• Mudanças comportamentais durante a semana
• Problemas financeiros relacionados ao álcool
• Conflitos familiares frequentes após o consumo
• Incapacidade de passar um fim de semana sem beber
Além disso, o especialista alerta que esse tipo de consumo pode levar ao desenvolvimento da dependência. “O binge drinking aumenta gradualmente a tolerância ao álcool, exigindo volumes cada vez maiores para os mesmos efeitos. Isso pode resultar em um quadro de dependência, mesmo que a pessoa só beba nos finais de semana”, explica.
Tratamento gratuito via SUS
Para aqueles que desejam reduzir ou interromper o consumo de álcool, o CAPS AD oferece tratamento gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A unidade conta com uma equipe multidisciplinar composta por médicos, psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais.
“O acolhimento inicial é o primeiro passo do tratamento. Compreendemos os fatores que levaram ao uso abusivo e elaboramos um Projeto Terapêutico Singular (PTS), que pode incluir terapias em grupo, consultas individuais e estratégias de redução de danos”, explica Vieira dos Santos.
Em casos mais graves, há a possibilidade de internação temporária para desintoxicação, com duração de até 14 dias.
Para o psicólogo, a recente estigmatização do CAPS nas redes sociais prejudica o acesso ao tratamento. “Buscar ajuda é um ato de coragem, e é fundamental que a pessoa encontre apoio e informações corretas, sem julgamentos. O alcoolismo é um problema de saúde pública e precisa ser tratado com empatia e responsabilidade”, conclui.
Por Redação Brazil Health