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Volta às Aulas: Proibição de Celulares em Escolas Busca Reduzir Dependência de Telas nas Crianç
O uso excessivo de telas por crianças e adolescentes tornou-se uma preocupação global, e o Brasil deu um passo significativo para enfrentar esse desafio. A nova lei federal sancionada nesta semana proíbe o uso de celulares em escolas públicas e particulares durante aulas, recreios e atividades extracurriculares, salvo em casos de saúde ou emergência. A medida, que entra em vigor já no início do ano letivo de 2025, busca frear os impactos negativos da tecnologia na saúde mental e no desempenho escolar dos estudantes.
Pesquisas indicam que a dependência de telas está diretamente associada ao aumento da depressão, ansiedade, transtornos de atenção e até mesmo ao declínio do quociente de inteligência (QI) entre crianças. Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostrou que 72% dos trabalhos analisados identificaram uma correlação entre tempo excessivo de tela e aumento de casos de depressão infantil. Além disso, o abuso da tecnologia pode contribuir para doenças crônicas, como obesidade, devido à redução da atividade física.
A psicóloga Catiele Reis, especialista em Psicologia da Infância e professora da Universidade Tiradentes (Unit), reforça que o controle do uso de telas deve começar dentro de casa. “A recomendação é que crianças utilizem no máximo de duas a quatro horas por dia de tecnologia, mas isso vem aumentando muito. Como consequência, observamos maior irritabilidade, menor tolerância à frustração e dificuldades de socialização”, explica.
A especialista destaca três fatores principais que impulsionam esse consumo excessivo: a pandemia, que normalizou o uso de telas para entretenimento e ensino remoto; a chamada “terceirização do cuidado”, em que pais ocupados deixam os filhos distraídos com dispositivos eletrônicos; e a própria cultura digital das escolas, que utilizam tecnologia como ferramenta pedagógica. “A proibição dentro da escola pode ajudar, mas será eficaz apenas se os pais também fizerem sua parte em casa, monitorando tempo de tela, conteúdos acessados e interações online”, afirma.
Uma alternativa para reduzir a dependência das telas é resgatar as brincadeiras tradicionais e estimular o convívio social fora do ambiente digital. Atividades como esportes, jogos de tabuleiro e brincadeiras ao ar livre ajudam no desenvolvimento físico, emocional e cognitivo das crianças. Um estudo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP/USP) mostrou que crianças entre 8 e 12 anos estão cada vez mais dependentes de redes sociais como YouTube e TikTok, substituindo brincadeiras criativas por consumo passivo de conteúdo digital.
“A criança está sendo condicionada a não sentir tédio, pois sempre há um estímulo digital disponível. Isso prejudica o desenvolvimento da criatividade e da habilidade de socialização”, alerta Catiele. Para reverter esse cenário, a especialista recomenda que os pais estabeleçam limites claros para o uso de telas e incentivem atividades que promovam interação real e experiências fora do mundo virtual.
Por Redação Brazil Health