Psiquiatria
29 de Abril de 2025

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Mayo Clinic Identifica Alterações Celulares que Podem Esclarecer a Síndrome de Tourette

Um novo estudo da Mayo Clinic revelou que pessoas com síndrome de Tourette apresentam cerca da metade da quantidade de um tipo específico de célula cerebral responsável por conter sinais motores hiperativos, em comparação com pessoas sem o transtorno. Esse déficit pode explicar os tiques involuntários característicos da condição.

Publicado na revista Biological Psychiatry, o estudo é o primeiro a investigar células individuais de pacientes com Tourette. As descobertas também sugerem como diferentes tipos de células cerebrais interagem para gerar os sintomas.

“Se entendermos como essas células são alteradas e como interagem entre si, poderemos intervir de maneira mais precoce e precisa,” afirma Alexej Abyzov, Ph.D., pesquisador em genômica da Mayo Clinic e coautor do estudo.

A síndrome de Tourette é um transtorno do neurodesenvolvimento que surge, em geral, na infância, provocando movimentos e vocalizações repetitivos e involuntários. Embora fatores genéticos já tenham sido identificados, os mecanismos biológicos ainda eram pouco compreendidos.

Para aprofundar esse entendimento, os pesquisadores analisaram mais de 43 mil células do tecido cerebral post mortem de pessoas com e sem o transtorno, focando nos gânglios da base, área do cérebro que regula o movimento. As análises mostraram uma redução de 50% nos interneurônios — células que inibem sinais motores excessivos — nos pacientes com Tourette.

Além disso, o estudo observou respostas de estresse em dois outros tipos de células: neurônios espinhosos médios, que apresentaram queda na produção de energia, e micróglias, que demonstraram sinais de inflamação. A interação entre esses tipos celulares pode ser fundamental para o surgimento dos sintomas.

“Estamos vendo diferentes células cerebrais reagindo ao estresse e se comunicando de maneiras que podem impulsionar os tiques,” explica Yifan Wang, Ph.D., coautora da pesquisa.

O trabalho também aponta que as alterações podem estar ligadas a disfunções nas áreas do DNA que controlam a ativação dos genes, e não nos próprios genes estruturais. “O problema parece estar na coordenação dos genes, e não em defeitos genéticos clássicos,” acrescenta Abyzov.

Os próximos passos da pesquisa incluem o estudo da evolução dessas alterações cerebrais ao longo do tempo e a identificação de fatores genéticos que possam explicar a vulnerabilidade ao transtorno.

O estudo foi conduzido em parceria com a Universidade de Yale e está disponível na íntegra na revista Biological Psychiatry.

Por Redação Brazil Health

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