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Câncer já supera doenças cardiovasculares como principal causa de morte em cidades brasileiras
Estudo da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), publicado na revista Lancet Regional Health - Americas, revelou uma mudança significativa no perfil de mortalidade em mais de 700 municípios brasileiros. Entre 2000 e 2019, o câncer passou a ser a principal causa de morte nesses locais, superando as doenças cardiovasculares, que historicamente ocupavam essa posição.
A pesquisa, que analisou dados de 5.570 municípios, mostrou que, enquanto a mortalidade por doenças cardiovasculares diminuiu em 25 estados, as mortes por câncer aumentaram em 15. Em 2019, 13% das cidades já apresentavam taxas de mortalidade por câncer superiores às de doenças cardiovasculares. “Houve uma redução mais acentuada nas mortes cardiovasculares, de 30% a 60%, do que no câncer, que caiu apenas de 20% a 30%”, explica o radio-oncologista Erick Rauber, da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT).
O estudo aponta que a expectativa de vida crescente e avanços no controle de fatores de risco cardiovasculares, como hipertensão e tabagismo, podem ter contribuído para a redução dessas mortes. Por outro lado, o câncer segue como um desafio devido à sua ligação com o envelhecimento populacional e fatores de estilo de vida, como sedentarismo e dietas inadequadas.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil registrará cerca de 704 mil novos casos de câncer em 2025. Apesar do avanço em diagnósticos e tratamentos, o acesso desigual a serviços especializados em regiões mais afastadas do país ainda é um obstáculo para reduzir as taxas de mortalidade.
A radioterapia, apontada como um dos pilares no tratamento oncológico, tem se mostrado essencial para combater tumores localizados ou iniciais. “Com técnicas avançadas, como a radioterapia de intensidade modulada (IMRT), podemos tratar os pacientes com maior precisão, reduzindo efeitos colaterais e aumentando as chances de cura”, afirma Rauber.
A pesquisa reforça a necessidade de políticas públicas que ampliem o acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento oncológico, bem como medidas preventivas, como o combate ao tabagismo e a promoção de estilos de vida saudáveis. “O câncer apresenta desafios mais complexos, mas - com estratégias adequadas - é possível reduzir sua incidência e mortalidade”, conclui o especialista.
Por Redação Brazil Health