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Tabagismo e obesidade aumentam risco de câncer renal, que afeta 11 mil brasileiros anualmente
Com cerca de 450 mil novos casos anuais no mundo, o câncer de rim ainda é pouco falado, mas representa 2% de todos os cânceres em adultos, segundo dados da European Association of Urology. No Brasil, são estimados 11 mil diagnósticos por ano e cerca de 4.500 mortes. Só no SUS, mais de 18 mil nefrectomias (remoção parcial ou total dos rins) foram realizadas nos últimos cinco anos.
Fatores de risco evitáveis
O tabagismo e a obesidade se destacam entre os principais vilões. Estudos indicam que até 50% dos casos de carcinoma de células renais ocorrem em fumantes. Pessoas com índice de massa corporal (IMC) acima de 35, histórico familiar da doença, sedentarismo, hipertensão, contato com agentes tóxicos e algumas síndromes genéticas também estão mais propensas a desenvolver o câncer.
Por outro lado, apenas 5% a 8% dos casos têm origem hereditária, o que torna a prevenção ainda mais possível com mudança de hábitos de vida, como parar de fumar, manter o peso sob controle e praticar atividades físicas.
Doença silenciosa e diagnóstico difícil
Em muitos casos, o câncer renal não apresenta sintomas nas fases iniciais. Quando aparecem, geralmente indicam doença mais avançada. Os sinais incluem:
. dor lombar ou abdominal lateral
. sangue na urina
. inchaço abdominal ou nas pernas
. febre persistente
. perda de peso e apetite
. fadiga e anemia
A recomendação é que, mesmo sem rastreamento obrigatório, os exames de rotina incluam avaliação dos rins, como ultrassonografia. Diante de suspeitas, a tomografia computadorizada é o exame mais indicado.
Tratamento precoce tem altos índices de cura
Casos iniciais podem ser tratados com cirurgias minimamente invasivas, que preservam o rim e impactam pouco a qualidade de vida do paciente. A nefrectomia parcial robótica ou laparoscópica apresenta bons resultados, com menor sangramento e recuperação mais rápida.
Para pacientes frágeis ou com tumores pequenos, pode-se optar por vigilância ativa ou terapias ablativas. Já os tumores avançados exigem cirurgia combinada com imunoterapia, que tem se mostrado eficaz em aumentar a sobrevida.
Acompanhamento é essencial
Mesmo após o tratamento, o acompanhamento médico por pelo menos cinco anos é fundamental, com exames regulares para monitorar possíveis recidivas. Tumores grandes, presença de metástases ou linfonodos comprometidos elevam o risco de retorno da doença.
Por isso, a ida ao urologista deve fazer parte da rotina de cuidados, especialmente entre homens acima dos 50 anos. O diagnóstico precoce pode significar a diferença entre cura e complicações graves.
Dr. Matheus Miranda Paiva é urologista e cirurgião robótico, membro do Departamento de Uro-Oncologia. Ele é coordenador de tumores renais da Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo – SBU-SP.
Por Redação Brazil Health