3 min de leitura
Imunoterapia no Tratamento do Câncer

Para que serve o sistema imune?
O sistema imune consiste de células e orgãos do corpo
que são desenhados para defender o corpo de seres agressores. Por exemplo, de células cancerosas e infecções.
O que é a imunoterapia?
É o tratamento que utiliza o sistema imune para atacar as células
cancerosas. Ao contrário da quimioterapia e da radioterapia que atacam as células cancerosas diretamente, a
imunoterapia precisa, em geral, ativar o sistema imune do próprio paciente para atacar as células cancerosas.
Quais tipos de imunoterapia existem?
Há varios tipos de imunoterapia. Pode-se pegar parte das
células cancerosas e misturá-las com estimulantes do sistema imune para fazer o sistema imune do paciente localizar
melhor as células cancerosas. Estes produtos são chamados de vacinas. Pode se dar substâncias que aumentam o número
de células imunes e que também as ativa, como por exemplo a interleucina-2.
Mais recentemente foram
desenvolvidas substâncias que tiram os freios do sistema imune. Em 1995 foi descoberto que o sistema imune tinha
freios. Isto ocorre para evitar que ele fique ativo em excesso, evitando assim que ele ataque as células normais do
próprio corpo. Estas substâncias que freiam o sistema imune são chamadas de inibidores de checkpoint. O primeiro a
ser desenvolvido se chama ipilimumabe que funciona fazendo com que o soldado mais importante do sistema imune, o
chamado linfocito T CD8 positivo, pare de atacar o cancer. Isto é, o linfocito T que iria normalmente dormir após 2
dias de ataques, continua então ativo por muito mais tempo.
Os outros inibidores de checkpoint que temos no
Brasil são os antiPD1s. Há dois antiPD1s aprovados no Brasil: o nivolumabe e o pembrolizumabe. Elas funcionam de
modo semelhante. Um dos mecanismos (há vários) pelos quais as células cancerosas se defendem do ataque dos
linfocitos T é pela produção de uma substância chamada PDL1 que se liga ao receptor chamado PD1 do linfócito T e o
paralisa. O anticorpo antiPD1 evita que o PDL1 da celula cancerosa se ligue no linfocito T o qual continua ativo e
aí mata a célula cancerosa.

Para quais tipos de cânceres os inibidores de checkpoint estão aprovados no Brasil?
O
ipilimumabe está aprovado somente para o melanoma metastático. O nivolumabe está aprovado para o melanoma
metastático, câncer de pulmão após falha a quimioterapia e para câncer de rim metastático, após falha da primeira
linha de tratamento. O pembrolizumab está aprovado para o melanoma metástatico e deve ser aprovado para a primeira
linha do câncer de pulmão em futuro proximo.
Quais os efeitos colaterais mais comuns dos inibidores de
checkpoint?
Como o freio dos sistema imune é removido, os linfócitos T começam a atacar as células
normais do próprio corpo do paciente. Por exemplo, quando as células do forro do intestino são atacadas, resulta em
diarréia; já quando a pele é atacada, produz uma erupção cutânea; quando as glândulas endócrinas como tireóide e
hipófise são atacadas resulta no enfraquecimento destas glândulas (hipotireodismo e insuficiencia pituitária);
quando o ataque acontece no pulmão, gera um inflamação que chamamos de pneumonite. Teoricamente, o sistema pode
atacar qualquer orgão do corpo.
Por Dr. Antônio Carlos Buzaid
- CRM 45405
(Especialista em Oncologia e membro na Brazil Health)